Chamo-me Alice da Conceição Pires Roseiro, nasci em África, mais propriamente em Luanda-Angola, há 76 anos e sou Hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus há mais de cinquenta.
Servi em vários centros da Província de Portugal. Atualmente, por limitações físicas, foi-me permitido retirar-me para uma Residência de Irmãs no espaço que a Congregação possui, junto da Casa de Saúde da Idanha. Desloco-me ao centro apenas uma vez por semana para uma atividade no âmbito da Pastoral da Saúde, no Gabinete de Escuta.
Na Residência Nossa Sra. da Conceição a minha experiência tem sido interessante, procurando adaptar-me aos limites que me são impostos por uma diversidade de problemas de saúde que, pouco a pouco, me vão ensinando a tomar a cruz e a seguir o Mestre no caminho difícil do aniquilamento mas sei que esta nova missão é importante para apoiar os membros da Família Hospitaleira em plena atividade, nos muitos locais espalhados pelo mundo, onde acolhemos as pessoas destinatárias do nosso carisma.
Percebi que queriam que eu dissesse algo sobre o passado, mas não vou falar do tempo em que a minha missão na CSI foi outra, essa está já registada na história, direi apenas que as experiências que me ficaram mais gravadas na mente e no coração foram, sem dúvida, as experiências realizadas na área da reabilitação psicossocial, num empenho engenhoso no combate ao estigma, dignificando a pessoa afetada por problemáticas da área da Saúde Mental e é minha convicção que a ocupação de todos os que aqui vivem e por aqui passam é fazer o melhor que as condições económicas e sociais do momento lhes permitem, sempre ao ritmo dos avanços científicos, em benefício das pessoas que acolhemos e servimos. Sempre assim foi e sempre assim será…
Então estes 125 anos de Hospitalidade em Portugal, que com a Idanha se iniciaram, não são mais do que “a prova provada” do querer de um homem – S. Bento Menni – que soube amar seguindo Jesus Samaritano e cuja energia continua a andar por aí, como dizem alguns dos nossos colaboradores com quem estou de acordo, motivando, impulsionando, melhorando, sonhando em cada membro da Família que somos, levando-nos a continuar, apesar das grandes dificuldades que sempre surgem mas que a partir de um bom discernimento servem para continuarmos a realizar a Obra, apoiados na força de uma Comunidade Hospitaleira identificada e convicta de que a pessoa destinatária da nossa missão merece a entrega apaixonada do nosso saber, elaborando sempre projetos que melhorem a nossa capacidade de serviço hospitaleiro.
Querem saber o que desejo para o futuro? Apenas que Deus continue a apoiar os que se empenham em tornar este mundo – também o nosso pequeno espaço no mundo – mais digno dos seres humanos que somos, com processos relacionais capazes de dar sentido às vidas, às famílias, às sociedades, às nações, gerando a esperança que possa oferecer aos jovens um planeta “amorizado”… porque se tiramos o Amor o que fica?